6 consequências da morte de Osama Bin Laden
O anúncio da morte de Osama Bin Laden, líder e fundador da rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos ataques de 11 de setembro, colocou os EUA em festa na noite de domingo. O país levou quase dez anos para encontrar o terrorista, que figurou esse tempo todo na lista dos mais procurados do FBI. Bin Laden foi morto por militares da Marinha dos Estados Unidos que invadiram sua mansão no Paquistão em três helicópteros. Que consequências esse acontecimento terá para os Estados Unidos, o Oriente Médio, a Al Qaeda e o resto do mundo?
1- Aumento da popularidade do presidente americano Barack Obama
O Estados Unidos enfrenta uma crise financeira e o governo não tem conseguido resultados na luta contra o desemprego. Essa situação exigia uma vitória que empolgasse os americanos, já que novas eleições se aproximam. Assim, a morte de Bin Laden veio em boa hora.
2- Fortalecimento de fundamentalistas islâmicos
Se o governo americano sai de fortalecido de um lado, a morte de Bin Laden pode também fortalecer o outro extremo: os fundamentalistas islâmicos. Afinal, para eles o terrorista morreu como mártir agredido pelo imperialismo americano lutando pela causa de Alá.
3- Protestos de muçulmanos em países onde são minoria.
A morte de Bin Laden pode provocar reações contra o imperialismo ocidental por parte de imigrantes e descendentes de muçulmanos que sofrem com a discriminação e o desemprego em países ocidentais como Itália, França e Inglaterra, acredita o professor Marone. Ele acha que podem ocorrer agitações de separatistas muçulmanos da Caxemira e também na China, onde existe uma minoria étnica muçulmana uigur no oeste que se diz discriminada econômica e politicamente.
5- O novo terrorista mais procurado pelo FBI.
O posto de terrorista que vale a maior recompensa pelo FBI agora é do egípcio Ayman al-Zawahiri, braço-direito de Bin Laden e provável novo líder da Al Qaeda.
6- E a América Latina?
Segundo especialistas, a morte de Bin Laden não deve trazer grandes consequências para a América Latina.
Fonte: Revista Super
Morte de Osama Bin Laden: o terrorismo e os Direitos Humanos na atualidade
Por Karina Chimenti
O presidente americano, Barack Obama, fez ontem a noite um dos pronunciamentos mais aguardados nos últimos 10 anos pelo povo americano e pelos cidadãos do mundo. Às 23h35min em Washington foi anunciado que Osama Bin Laden, o terrorista responsável por um dos ataques mais brutais da história contra os EUA, foi morto por uma equipe de elite do exército americano ao resistir à prisão, na cidade de Abbottabad, no Paquistão dentro de uma casa onde estava com membros da família.
A divulgação da morte do líder da Al-Qaeda trouxe à tona a ideia de que a guerra contra o terrorismo finalmente teve um resultado positivo e que os norte-americanos poderão dormir mais tranquilos. Mas, por quanto tempo esse sentimento irá permanecer? Osama Bin Laden pode ter sido o inimigo número 1 dos EUA na última década, mas é apenas uma peça de um grande tabuleiro de xadrez. O braço direito de Osama ainda está vivo e deve tornar-se o novo alvo dos americanos. O egípcio, Ayman al Zawahiri é considerado o criador e estrategista de todos os ataques da Al-Qaeda e seu paradeiro ainda é desconhecido.
Ademais, o anúncio da morte do líder terrorista poderá desencadear uma nova onda de ataques. As autoridades americanas sabem disso e já alertaram todas as suas embaixadas para possíveis represálias, não somente da Al-Qaeda, mas das diversas células independentes que se formaram ao longo desses anos. O que vai acontecer a partir de agora é um mistério. Matar o Osama Bin Laden não significa a solução dos conflitos entre Estados Unidos e os terroristas da Al-Qaeda. As causas do problema persistem e consequentemente os efeitos podem surgir. Um comunicado divulgado em um site ligado a Al-Qaeda assegurou que a Jihad (guerra santa islâmica) contra os “infiéis” continuará, e que a morte do líder da rede terrorista, Osama Bin Laden, não será chorada.
Além da ação militar na busca dos líderes desses movimentos, os Estados Unidos também devem se preocupar com as questões sociais, culturais, religiosas e econômicas que levam milhares de jovens a integrarem tais grupos. Usado para chamar a atenção da opinião pública, o terrorismo é uma ação extremamente difícil de controlar ou prevenir, já que seus adeptos não encaram a morte como um problema. Usado tanto para fins políticos quanto para defender crenças e ideais religiosos, os terroristas cometem assassinatos, sequestros e explosões de bombas visando deflagrar o terror psicológico em grande escala.
Mesmo não havendo consenso internacional sobre a definição do terrorismo, existe uma lista com cerca de 100 organizações classificadas como terroristas por entidades governamentais, como o Departamento de Estado dos Estados Unidos e organizações intergovernamentais como a União Européia. Algumas das organizações terroristas mais conhecidas são: a Jihad Islâmica, Abu Nidhal, a Al-Qaeda , o ETA , o IRA (Exército Republicano Irlandês) e a OLP (Organização pela Libertação da Palestina).
As relações entre os Estados Unidos e o Oriente Médio, andam estremecidas desde os ataques as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001. Ao mesmo tempo em que a noção de segurança nacional e liberdades individuais foi reavaliada com o ataque da Al-Qaeda aos Estados Unidos, a guerra contra o terrorismo se tornou um motivo para promover e manter invasões nos países muçulmanos, para a apropriação do petróleo e a venda de armas por parte dos norte-americanos. As invasões dos EUA aos países Afeganistão, Paquistão e Iraque geraram intensos debates sobre o ponto de vista dos Direitos Humanos.Segundo Celso Ferenczi, professor de Diretos Humanos da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) após o ataque de onze de Setembro a situação dos Direitos humanos piorou. “A relação da migração, do turismo e das famílias mulçumanas que viviam nos Estados Unidos foram completamente afetadas. O início da guerra contra o terror com o ataque ao Afeganistão possui diversas violações dos Direitos Humanos, assim como a preservação da prisão de Guantánamo que não obedece a nenhuma norma”. Em relação ao que muda com a morte do terrorista, Celso completou “O anúncio da morte de Osama é a oficialização da morte do governo de Jorge W. Bush e o nascimento do governo de Barack Obama”. Ele ainda diz acreditar no início da retirada das tropas do Afeganistão após o pronunciamento do presidente americano.
Segundo o professor, o chamado Terrorismo de Estado e o Terrorismo de Guerrilha são repudiados pelos Direitos Humanos e deveriam ser tratados dentro de normas justas. “Todo terrorista deveria ser tratado como qualquer outro prisioneiro sendo julgado e condenado com pena máxima de prisão perpétua. Mas, isso raramente acontece. O terrorista de guerrilha é torturado e muitas vezes morto antes mesmo de qualquer julgamento. A ONU (Organização das Nações Unidas) rejeita a aplicação da pena de morte, mas ela continua sendo utilizada por alguns países membros da ONU. Já em relação ao Terrorismo de Estado, sabemos que nem de longe está sendo devidamente punido, caso contrário teríamos alguns ex-presidentes americanos presos e condenados”.
O Conselho de Segurança da ONU é o principal órgão internacional que trata da paz e da segurança internacionais e há muito tempo se empenha na luta contra o terrorismo, antes mesmos dos ataques às torres gêmeas. Na resolução 1368 (2001), condenou enfaticamente os ataques terroristas contra os Estados Unidos e pediu a todos os Estados que trabalhassem em conjunto para apresentar os perpetradores à justiça. Na resolução 1333 (2000), exigiu que as autoridades Taliban do Afeganistão atuassem rapidamente no sentido de encerrar todos os campos de treino dos terroristas. Na resolução 1269 (1999), condenou inequivocamente todos os atos de terrorismo como criminosos e injustificáveis e pediu aos Estados Membros que adotassem medidas específicas. Na resolução 1267 (1999), exigiu que os membros do Taliban entregassem Osama Bin Laden às autoridades competentes. O Brasil, mesmo sendo um país que se encontra mais distante desses problemas, é um país bastante engajado na luta contra o terrorismo. Ratificou as principais convenções sobre o tema e colabora em diversos âmbitos: na ONU, na OEA e no Mercosul, além de ter promulgado a Lei de Combate ao Terrorismo (Lei n° 52 de 22 de agosto de 2003), tipificando o crime e estabelecendo as sanções.
A morte de Osama Bin Laden é só uma etapa do combate ao terrorismo. Embora, existam países empenhados em condenar as práticas terroristas outras medidas precisam ser tomadas. Contudo, em nenhum momento as liberdades individuais que foram conquistadas com anos de luta devem ser preteridas. As ações deve buscar sanar a causa do problema. Do contrário, ainda poderemos ver o surgimento de outros “Osamas Bin Ladens”.